sábado, 1 de maio de 2021

Shift into


 

Chegando ao paleolítico amigos

 Pintei a bunda dela de vermelho

E acendi um fósforo nas suas costas

Ai de mim, que sou tarado

Ai de mim, que sou errado

Comecei ontem uma nova onda

Está me trazendo emoções

Ai de mim, que ainda estou vivo

Ai de mim, que sinto tudo

Escrevi, e nem foi ao contrário

Agora é lendo que eu reverto

Ai de mim, mim não entende

Ai de mim, tão indiferente

Vou deixar tudo do jeito que está

Não precisa piorar

Ouvi um barulho me chamando

Vou flutuar

Flutue

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Crescido em casa

Foi maneiro falar com o pessoal ontem. Quem me conhece desde 1980 ou 1990, sabe as minhas merdas, minhas qualidades e como eu sou e mesmo assim ainda me atura e gosta de falar e estar perto de mim e fazer coisas comigo. 
Eu estava me sentindo bastante inútil ontem. Não quis ir para a terapia porque não tinha forças e não via sentido. Não queria ficar em casa porque não conseguia respirar. Saí sem rumo e fui parar na igreja onde toquei a primeira vez. Fiquei lá em cima da bicicleta... longe pra caralho de casa, chorando em uma rua vazia sozinho em uma noite de sexta feira. Não houve catarse alguma. Foi muito nada a ver. A vida é muito nada a ver. É tudo um amontoado de coisa aleatória e despropositada. Cada vez mais eu vivo só por viver mesmo. Porque tem que acordar e tal. Não vou desistir. Eu não ganho nada com suicídio e ainda faço um mal desgraçado pra um monte de gente que sei que gosta de mim. Vai dar muito stress e tristeza pra todo mundo. Mas é foda não ver propósito em nada. Nem nessa história de "curtir o momento etc" ou "mar de lindas possibilidades". Foda-se o momento, cara! Fodam-se as possibilidades! Foda-se essa hipongagens! Tomar no cú! Eu já tive tudo TUDO que uma pessoa pode sonhar e mesmo assim tudo parecia pequeno e insignificante... Cada vez eu sinto que tá tudo e todo mundo sintonizado em um canal onde tudo é lindo e geral tá conformado e eu to do lado de fora. Eu não consigo prestar atenção muitas vezes porque sei lá... Talvez seja tudo muito complicado hoje em dia, talvez eu tenha preguiça, talvez eu não me importe.. Aí faço as merdas que faço porque muitas vezes to no foda-se mode. É horrível ser assim. Porque é uma luta constante pra me importar com esse plano existencial. Não quer dizer que eu não goste das pessoas, não tenha sentimentos e não possa amar. É justamente ao contrário, eu amo as pessoas todas. Até as horríveis. E amo muito. Mas tem muito ruído, muita coisa na frente, muita coisa idiota, pequena e desnecessária que bloqueia o núcleo das pessoas. Eu quero só o núcleo delas, a essência... eu vejo a essência e me dói ver toda a merda que eles tem ao redor. Tudo que eles acabam vestindo sei lá porque diabos e que bloqueia o que tá lá dentro delas e é lindo pra caralho. Eu quero só o que tá de fato lá dentro - e isso a gente só alcança passando pelas coisas triviais. Coisas que me deixam sem paciência. Que não tenho mais tempo pra olhar. Ou não tenho mais cabeça pra olhar. Eu não sei o que vai acontecer... Quando acho que estou bem a minha cabeça me mostra que não estou ainda. Que tem merdas pra resolver. Eu não quero arrastar ninguém pras minhas merdas mais. A minha cabeça e a minha vida tem que ser problema meu só. As pessoas tem seus próprios problemas e não quero ficar acrescentando mais merda na vida delas. Não estou aqui pra isso. Vou manter isso em mente. Que eu não vou me encaixar nunca. Já era. Tá todo mundo fazendo as coisas de um jeito mais ou menos compatível e eu to em uma outra frequência e não posso esperar que as pessoas me entendam e tenham paciência comigo. Tenho que manter isso em mente. Tentar fazer o melhor quando estiver com as pessoas. Ser mais atencioso, prestar atenção, ser mais "esperto" porque tenho tendência a ser muito trouxa e otário e não me importar com nada. Mas ninguém gosta de alguém assim. Acho que quase ninguém. Gente otária e trouxa não é levada a sério. As pessoas pensam na gente como crianças, como sem importância, como dignos de pena... eu senti e sinto isso. Então tenho que tentar não ser assim tão avoado, apesar de ser a minha natureza. Quando eu estiver sozinho, aí posso ser do meu jeito estúpido... Eu sei que não vou me fuder tanto sozinho, ou tomar rasteira sendo assim. As rasteiras que eu tomar eu to cagando. É só eu olhar pro lado e ficar sozinho, ler um gibi, jogar, tocar bateria e tá resolvido tudo. Mas quando eu arrasto alguém pra isso comigo é ruim. Não quero que ninguém seja prejudicado pelo meu jeito. Só eu tenho que pagar pelas minhas merdas. Tá tudo meio fudido agora ainda. Eu to sem esperança às vezes. Às vezes fico alegre. É tudo bem estranho. Não sei mais... Eu não consigo prever mais nada. Acho que nunca soube. Eu tenho que parar de achar que está tudo bem. Porque não está. Tá tudo bem fudido. O mundo tá muito bem em comparação com o que rola na minha cabeça. Eu já não deveria mais estar aqui, mas estou. Meu tempo já passou. Não tem lugar pra algo igual a mim... Então tenho que tentar ser o melhor possível até o fim. Ter um final digno. É isso. Foi bom ontem. Eu pude ser eu mesmo. Eu quero ser eu mesmo. É gostoso, mas toda vez que começo a ser eu mesmo eu sinto que as pessoas ao redor não gostam ou não entendem ou não me enxergam, aí eu fico disfarçando que sou outra coisa. Eu uso uma porra de uma máscara porque acho que se for eu mesmo ninguém vai gostar, na verdade não acho, EU SEI. Por dentro eu sou meio aberração. De verdade. Eu não quero falar 90% do tempo. Quando falo é algo que ninguém quer ouvir. Eu já experimentei falar. Outro dia fiz isso. E as pessoas ignoram. Ali eu tava sendo eu mesmo 100%, mas me senti um fantasma. Parece que ninguém escuta se eu falar exatamente o que vem do meu coração na forma que vem e no tom de voz que vem. Eu tenho que falar no formato que as pessoas entendem e escutam e com um jeito que não é o meu. É estranho isso. É frustrante. O jeito que estou escrevendo é o jeito que penso. Se eu falar assim ninguém vai querer ouvir. É foda. Vou sair aqui agora. To meio anestesiado. Meio robô. Isso é perigoso... É difícil viver em um mundo no qual você não consegue interagir. Acho que muitas pessoas passam por isso também né... Não sou só eu, mas esse é o meu espaço e se to dizendo que me sinto um fantasma é porque é assim que me sinto. De verdade. Eu vejo todo mundo conversando e interagindo e eu não sei como fazer isso muitas vezes. Isso me dói. Eu vejo todo mundo sendo esperto e fazendo tudo certo e eu fazendo merdas enormes com a minha vida e sendo trouxa e sendo otário porque to pensando em coisas sem importância ao invés de me concentrar nas coisas concretas que todo mundo se concentra e isso me dói. Eu vejo pessoas com problemas reais sofrendo por motivos justos e eu aqui com essa babaquice. É foda... Pra viver nesse mundo eu tenho que me conectar com ele, mas pra mim é difícil isso. 

terça-feira, 2 de maio de 2017

Avaria

Não sei nem como começar isso aqui... Não sei como introduzir o tema... Se é que tem um tema. Só estou escrevendo pois estou me sentindo à beira de algo ruim. E escrever é o que me resta. Falar comigo por aqui. Porque não tem ninguém pra falar às vezes. As pessoas que confio são poucas e provavelmente estão cansadas de desculpas. Não quero dar desculpas mais. Eu estou estragado. É isso. A cabeça não está legal. Estou cometendo erros. Esquecendo coisas. Agindo de maneira ainda mais desligada da realidade do que de costume. Estou ciente disso. Estar ciente dói. Estar ciente me envergonha demais.
Nos últimos tempos a cabeça não tem funcionado direito. O corpo também tem dado sinais de desgaste. Estou como um motor no qual colocaram combustível adulterado: funciono ainda, mas engasgo aleatoriamente... Não dá pra confiar. Eu preciso muito das pessoas agora, mas não quero ser um fardo. Não quero causar sofrimento a ninguém com os meus problemas. Só queria desaparecer por um tempo. Não ter tanta coisa martelando a minha cabeça. Não ter anseios. Não ter nada. Me juntar ao nada. Eu não quero me suicidar nem nada disso. É só um desejo imenso por um pouco de tranquilidade.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

(Finalmente) O tratado entre o que prende e o que arrasta

tudo ao redor esmaga
as vozes colidindo
disformes e sem rumo
notícias velhas e vazias 
em uma sessão esquecida de um jornal de domingo
vitórias
derrotas
mentiras
unhas que arranham o silêncio
falos que violam os sentidos
levam e trazem de volta
um circo
manufaturas sem propósito
perspectivas sem sentido
audição consome
cérebro digere
alma absorve
voz excreta
novamente 
e os dejetos...
um oceano do trivial
o plâncton na boca do cardume da eternidade
contaram uma outra mentira através dos processos
só um ciclo existe
não termina
não começa
não renova
não destrói
não constrói
o muro sem porta aguarda o teu despertar

Neste Plano

não presta atenção no que está escrito aqui
olha pra dentro
pensa em tudo que construiu até o momento
não há perda
não há tempo
nunca houve tempo
muito além do que enxerga está o que de fato há
aqui 
agora
é tudo que existe
é tudo que importa
quando tudo for varrido da mente
pela sombra da demência
pelo apagar da existência
lembra
nunca houve o tempo
nunca haverá

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Acredita

sabia o que tava fazendo
sabia sim
pegou
que nem barbante
enrolou entre os dedos e foi levando
todo feliz
todo enfeitado
todo iludido
todo desgraçado
e foi levando
o arrombado
sim
sabia
não é nenhum coitado
é burro
é crente
desesperado
é sina
é instinto
mariposa vai pra fogueira
beta pula do aquário
homeostase